TY - JOUR AU - Madeira, Cláudia PY - 2021/07/20 Y2 - 2024/03/28 TI - Meta-hibridismo e a reativação dos arquivos da arte da performance portuguesa JF - Livros ICNOVA JA - ICNOVA VL - IS - SE - Artigos DO - UR - https://colecaoicnova.fcsh.unl.pt/index.php/icnova/article/view/70 SP - AB - <div class="page" title="Page 301"><div class="layoutArea"><div class="column"><p>Quando olhamos hoje para o panorama das artes não podemos deixar de dar conta de uma cada vez maior intensificação e amplificação do hibridismo artístico. Contexto, que é produzido, intencionalmente por diversos criadores de áreas disciplinares distintas, mas sem que isso se traduza, paradoxalmente, tanto no acentuar da dimensão transgressiva do híbrido, como de características de “performatividade expandida” (Phelan, 1993 e Fischer-Lichte, 2019); e mesmo, como proponho neste artigo, de “meta-hibridismo” em relação ao arquivo das artes experimentais e da performance. Arquivo que começa a ser recuperado em diversos contextos artísticos e por diversos artistas, que prestam homenagem a esta(s) história(s) de arte que têm permanecido ocultas e desconhecidas, dando-lhes visibilidade e contribuindo para a sua reativação (Auslander, 2018) em diversos media, desde a performance, à dança e ao cinema experimental. Para esta análise partiremos do caso português, cuja história da performance arte se encontra na atualidade em construção, através da recoleção de fragmentos das suas história(s) nos domínios da investigação científica mas também das artes, num processo de “uma imensa paciência futura” como antecipava, nos anos 80, Ernesto de Sousa, um dos críticos e comissários contemporâneos à época, mas sem que se tenha ainda estabelecido em Portugal (em 2021), um arquivo público que funcione como plataforma de visibilidade e disseminação destas mesmas histórias. É neste contexto particular onde se justapõe este processo de progressiva construção destas histórias locais/periféricas da arte da performance, com a emergência de uma “era da performance”, como afirma André Lepecki (2016), que têm surgido alguns projetos artísticos que têm contribuído para a sua reativação, a partir de um meta-hibridismo, ou seja, conjugando uma abordagem meta-discursiva a estes projetos híbridos, “reconhecendo”, reivindicando e homenageando assim uma herança genealógica no campo híbrido da performatividade expandida. São exemplo, entre outros, o projeto “As Práticas Propiciatórias de Acontecimentos Futuros” (2018), da coreógrafa Vera Mantero, com performance e co-criação de Henrique Furtado Vieira, Paulo Quedas e Vânia Rovisco, e que teve por base as discussões sobre arte de vanguarda e arte popular de Ernesto de Sousa, que conjugava as atividades de crítico e comissário, que já referenciamos acima, com as de docente, cineasta e performer e que teve um importante papel de intermediação entre o panorama artístico português e internacional durante os anos 60-80; e o filme “Homem Pikante — Diálogos kom Pimenta” (2018), do cineasta experimental Edgar Pêra e em diálogo, como indica o título, com Alberto Pimenta, poeta e performer português exilado na Alemanha, onde foi professor de literatura, durante o período da ditadura portuguesa que terminou em 1974. Ambos os projetos dão conta de aspetos artísticos (e biográficos) das obras destes percursores ao mesmo tempo que estabelecem com eles abordagens poéticas e meta-discursivas híbridas, que configuram reativações singulares destes arquivos, problematizando o desconhecimento destas histórias da performance no contexto artístico atual. A partir da discussão conceptual do conceito de “meta-hibridismo” que tenho vindo a desenvolver (Madeira, 2020), a partir das abordagens de várias áreas disciplinares, proponho-me analisar estes projetos e os seus contributos para a construção da história da performance portuguesa nas suas dinâmicas contemporâneas.</p><p>Palavras-chave: Arte da performance portuguesa; arquivo; reenactment; meta-hibridismo; meta-performa- tividade.</p></div></div></div> ER -