Contra-imagem, efeito de sujeito: arte contemporânea e psicanálise
Resumo
Buscaremos, neste artigo, recuperar arquivos e memórias, visando sublinhar a dimensão interligada entre os tempos, entre eu, outro, corpo, subjetividade e cultura. Destacaremos estratégias de resgate do sujeito e das singularidades que aproximam os campos da arte contemporânea e da psicanálise. Analisaremos, a partir dos registros fotográficos das obras: Shibboleth da artista colombiana Dóris Salcedo e Filho Bastardo II (1997), da artista brasileira Adriana Varejão, a estratégia de barrar, cortar a imagem e o espaço, que tem por efeito a desestabilização do olhar e a manifestação do sujeito do inconsciente. Ambas operações artísticas integram palavra, imagem e obra em busca de uma contra-imagem que remetem às heranças e disputas culturais. Desse barramento, aparece o sujeito, efeito a posteriori de sua condição não-toda, do estranhamento do olhar e da experiência de fragmentação subjetiva. Essas contra-imagens convocam o tempo da dúvida, o sexual e a morte, como estratégia de acordar o sujeito de seu universo de imagens ideais, que o direcionam à intolerância da diferença e à repetição mortífera do apagamento das singularidades.
Palavras-chave: contra-imagem; sujeito; arte contemporânea e psicanálise.