O arquivo em reverso. A potência da origem e do inconcluso nas obras de Filipa César e Ângela Ferreira
Resumo
Numa problematização acerca das relações entre imagens em movimento, pós-colonialismo e arquivo, este texto aborda o filme Spell Reel (2017) de Filipa César (Porto, 1975) e a escultura-maquete For Mozambique (Model n.o 1 for Screen-Tribune-Kiosk Celebrating a Post-Independence Utopia) (2009) de Ângela Ferreira (Maputo, 1958) — obras que concretizam uma revisitação, interpretação e interrogação acerca das estruturas arquivísticas para interpelarem o início do cinema nos territórios pós-revolucionários africanos, solicitando pontos cegos do passado e disfunções do presente. As duas obras inscrevem o arquivo enquanto abertura para o futuro e atua- lização do originário: uma origem que não se determina apenas no que há no começo de algo, mas na procura daquilo que lhe é lacunar e fragmentário, existindo em potência e num estado inconcluso.
Palavras-chave: arquivo; arte contemporânea; cinema; origem; pós-colonialismo.