Memórias Negro-Lisboetas
Resumo
O ensaio visual que apresento adveio do processo meticuloso de recapturar documentação, arquivo
e histórias familiares (desde cedo que em convívios de família escutei inúmeras histórias). Considero este trabalho uma viagem a partir de dentro onde fui gerando um imaginário sobre os meus familiares e as suas jornadas. Ao longo dos anos a curiosidade aumentou, tal como a sede de descolonizar o meu imaginário e a vontade de construir a minha identidade enquanto descendente da Diáspora Angolana contemporânea. Cada retrato e documento exibido detém um peso enorme; normalmente mantidos em baús, estes fragmentos são pedaços de história colonial e pós-independência ou simplesmente são legados/testemunhos do percurso de famílias negras entre Portugal e Angola. Com o passar do tempo, senti a urgência de me inserir na narrativa para além de expor os arquivos. Este processo de cura e de descolonização é experimental e em constante transformação.
O repositório familiar funciona como um puzzle e como tal resolvi integrar o meu olhar, as minhas questões e a minha experiência, como corpo que identicamente migrou e transformou a narrativa da cronologia familiar.