Para uma história do negócio da imprensa portuguesa: políticas da informação entre 1926 e 1976

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Resumo

Nos últimos anos do Estado Novo, o mercado da imprensa diária portuguesa sofreu um movimento de concentração de propriedade, protagonizado por grandes grupos económicos/financeiros, numa lógica de instrumentalização dos media. Derrubado o regime pelo golpe de Estado de 1974, Portugal viveu um período revolucionário que termina com a eleição do Presidente da República em 1976. No entretanto, os jornais são estatizados, na sequência da nacionalização da banca e companhias de seguros por decisão do Conselho da Revolução. O presente capítulo compara os resultados das empresas jornalísticas entre 1974 e 1976, com a situação no período de governação marcelista (1968-1974), altura em que a imprensa diária ficou concentrada em poucos grupos económicos/financeiros. Também explora a influência das políticas da informação (por exemplo, barreiras à entrada, obstáculos ao funcionamento e outras intervenções), recuando para tal até ao golpe militar de 1926, altura em que se começaram a erguer os alicerces autoritários do regime. Verificamos que o novo regime “herdou” em 1974 um conjunto de empresas jornalísticas com resultados líquidos negativos; pelo que as políticas informativas explicam, em parte, a crise que afetava a imprensa pós-25 de Abril. Nessa altura, a Imprensa foi palco de lutas pela definição do rumo e natureza do novo regime político; e os conflitos laborais/ideológicos internos ou conduziram a resultados negativos empresas anteriormente lucrativas ou agravaram a situação das empresas anteriormente deficitárias. Como exceção, existiu um jornal que em 1974 passou de um histórico de prejuízos para o território do lucro; mas no ano seguinte, uma forte convulsão interna/externa ditou a sua morte (lenta). Em conclusão, quer no Estado Novo, quer nos primeiros anos de democracia, as políticas da informação foram influenciadas não só pelas ideias políticas e económicas, como também pela confusão entre interesse publico e interesses particulares (por exemplo, dos partidos, dos governantes). Este estudo fornece evidências de que o exercício do jornalismo como agente partidário pode não favorecer a saúde económica das empresas.

Palavras-chave: jornalismo, imprensa, política da informação, Estado Novo, 25 de Abril

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Publicado

2022-07-18

Como Citar

Cavaco, S. (2022). Para uma história do negócio da imprensa portuguesa: políticas da informação entre 1926 e 1976. Livros ICNOVA. Obtido de https://colecaoicnova.fcsh.unl.pt/index.php/icnova/article/view/116